Com a chegada do inverno e as chuvas mais frequentes, quem precisa andar de ônibus pode deparar com uma situação bastante desconfortável que é ficar exposto ao tempo devido à falta de paradas cobertas.
Duas rodovias – tanto a RSC-287 (Faixa Nova) quanto ERS-509 (Faixa Velha) – são as principais rotas de ônibus para os bairros da região leste de Santa Maria. O problema maior está na Faixa Nova, compreendida a partir do viaduto da Estação Rodoviária até o trevo do Aeroporto Municipal. Nesse trecho, são 15 paradas de ônibus no sentido Centro-bairro, e 16 no bairro-Centro. Contudo, apenas cinco e seis são cobertas, respectivamente. Em dias chuvosos, às vezes, nem o guarda-chuva consegue dar conta, e a população fica desprotegida, o que preocupa a auxiliar de limpeza Rosane de Fátima Soares da Costa, 60 anos.– Nós vamos para a parada, e não tem nada. Ficamos esperando, mas é complicado, ainda mais para mim, que venho do Bairro Boi Morto e pego quatro ônibus por dia – diz.
A estudante de Educação Especial na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Maria Eduarda Pedroso, 19 anos, argumenta que a população pode se resfriar mais facilmente ao pegar chuva e tempo frio.– Está bem ruim. Se tivesse uma parada coberta, ficaria muito melhor para esperar o ônibus. Quando chove e com vento forte, é ainda pior – comenta.
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Em alguns locais, como na esquina da Faixa Nova com a Rua Frederico Varaschini, por exemplo, não há sinalização de parada de ônibus. Entretanto, as pessoas seguem aguardando o transporte coletivo que passa por ali e faz o embarque e desembarque de passageiros. O aplicativo Urmob.city aponta que nesse local há uma parada de ônibus.
Outra questão levantada por quem utiliza o transporte coletivo é a iluminação que, nos trechos mais afastados de Camobi, é pouca ou insuficiente.– À noite, é muito inseguro. É preciso que o prefeito não olhe só para o Centro, é preciso olhar para os bairros. As paradas de ônibus estão muito precárias – afirma o açougueiro Jonatas Ribas, 57 anos.
Foto: Marcelo Oliveira (Diário) A Faixa Velha (ERS-509) possui mais paradas e quase todas são cobertas
Por outro lado, na Faixa Velha, compreendida pelo Batalhão Rodoviário entre o trevo do Castelinho e o trevo do Aeroporto, existe uma melhor iluminação e mais paradas cobertas. Ao analisar o trecho da rodovia a partir da Avenida João Luiz Pozzobon, são 22 paradas no sentido Centro-bairro, e 24 no bairro-Centro. Destas, 18 e 22, respectivamente, possuem cobertura para os pedestres se abrigar.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Consultada sobre as paradas de ônibus, a prefeitura afirmou que são realizadas manutenções nos locais de embarque e desembarque da Faixa Velha (ERS-509) conforme disponibilidade de material e do cronograma da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU). Por meio da assessoria, o Executivo informa que “A SMU está terminando a atualização orçamentária para realização de licitação para aquisição e instalação de novos módulos de abrigos de ônibus no município, onde a Faixa Velha será contemplada”.
Quanto à Faixa Nova (RSC-287), segundo a prefeitura, o trecho não apresenta recuo viário apropriado para embarque e desembarque do transporte coletivo, o que dificulta a implantação de abrigos. Afirma ainda que, com a duplicação da rodovia, a questão poderá ser sanada.
De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi, situação semelhante a da Faixa Nova ocorre na Rua Florianópolis, no Bairro Pinheiro Machado. Conforme ele, cerca de 177 novos abrigos já foram instalados e 72 restaurados em Santa Maria.– Consideramos a prioridade de cada local e necessidade pontual, seja por depredação ou avarias causadas pelo tempo. Em média, cada abrigo custa quase R$ 9 mil. Questões como essas também estão sendo levadas em conta na licitação do transporte público – disse o secretário.
Perguntado sobre a falta de sinalização em alguns locais das duas rodovias para a Região Leste, onde não há abrigos para passageiros, Ponsi argumentou que isso é de responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), mas ressaltou que o trabalho é colaborativo entre as duas partes:– Por serem rodovias estaduais, o Daer atende as duas. Quando eles enfrentam algum dificuldade em atender alguma demanda, como esta que envolve o transporte público, nós agimos para solucionar o problema, visto que também é pertinente ao nosso trabalho.
O município já teria economizado cerca de R$ 100 mil na recuperação de placas de sinalização.
Gabriel Marques, [email protected]